O Dublê é sessão da tarde sem medo de ser feliz
Chega aos cinemas na próxima quinta-feira, 2 de maio, O Dublê. Dirigido por David Leitch (Trem-Bala e Deadpool 2), o longa está entre os melhores que a ação e a comédia podem proporcionar. E digo, fazia tempo que não chorava de rir com um filme. Pelo currículo de cada envolvido, eu já imaginava ser agraciada por um senso de humor de qualidade, mas não esperava que a dose fosse ser tão proveitosa. E como é bom ter as expectativas atendidas. Apesar de ter visto quase nada sobre o filme antes de assisti-lo. Mas, quando se tem um ex-dublê de ação como diretor e atores tão talentosos no elenco, mesmo com um roteirista sem grandes feitos na carreira, é difícil errar a mão. Não que seja impossível, mas a equação tende a resultar em números positivos. Entre Referências e uma Trama Cativante No longa, Ryan Gosling (Barbie) interpreta Colt Seavers, um dublê de Hollywood que é forçado a abandonar sua carreira após um grave acidente. 1 ano depois, ele é chamado de volta para trabalhar no filme de estreia da sua ex, Jody Moreno, vivida por Emily Blunt (Um Lugar Silencioso). Porém, o grande astro da produção, Tom Ryder, interpretado por Aaron Taylor-Johnson (Trem-Bala), desaparece misteriosamente durante as filmagens, e Colt se vê envolvido em uma trama complexa que vai além das simples sequências de ação. Um dos grandes trunfos de O Dublê são as referências à outras produções hollywoodianas. Diria até que são, praticamente, um personagem à parte. As menções são tantas que certamente eu não conseguiria mencionar todas aqui. Mas temos desde O Último dos Moicanos, passando por Um Lugar Chamado Notting Hill, a O Senhor dos Anéis. Até Taylor Swift recebe um lugar ao sol. Como uma “atração dentro da atração”, chega a fazer parte da experiência identificá-las. Mas, de longe, a referência mais evidente é o amálgama entre Duna, Zack Snyder, Star Wars e Mad Max, sintetizados no filme fictício de Jody, Metalstorm. É quase uma prova de resistência segurar o riso sempre que os primeiros acordes da trilha mimetizada de Duna sobe, embalando um slow motion cafona, a lá Zack Snyder, envolto a uma paleta de cor alaranjada. Arte. Uma piada específica, envolvendo Amber Heard e Johnny Depp, pode ser um pouco polêmica para alguns, a depender do seu posicionamento sobre o assunto. Para mim, a referência foi tão boa, e bem colocada, que não me causou nenhum sentimento negativo. Elenco em Sintonia Ryan Gosling está formidável no papel de Colt Seavers, provando que é possível entregar um personagem com camadas e dramas internos, enquanto não perde, nem por um segundo, o timing da comédia. É incrível como Gosling consegue explorar nuances emocionais como o medo, culpa e vergonha, enquanto entrega excelentes cenas cômicas. Já Emily Blunt é um poço de carisma. Sua Jody é radiante e cheia de vida. Ela transparece o entusiasmo e as preocupações de uma diretora que, apesar de já conhecer a indústria muito bem, está de frente para a sua primeira grande oportunidade. E quando Blunt disse ter se inspirado em Greta Gerwig, tudo fez mais sentido. Aaron Taylor-Johnson convence como o ator babaca de ego frágil. Apesar de aparecer pouco, está excelente como a perfeita imagem de um ícone de Hollywood: arrogante e inseguro. E é praticamente impossível não se pegar comparando Tom Ryder a celebridades da vida real, tentando imaginar ainda qual foi o “material fonte” estudado. Uma Carta de Amor aos Dublês e ao Cinema de Ação O Dublê é baseado em uma série de TV dos anos 80, que por aqui recebeu o nome de Duro na Queda. Na série, Colt é um caçador de recompensas...